segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PERDEU, FORTALEZA!

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A baixa votação aos candidatos/as do PSOL/PCB nas eleições deste ano faz com que não ocupemos uma cadeira na Câmara de Vereadores desde a primeira disputa na cidade em 2018. Fato que pode nos trazer interpretações variadas, sentimento forte de injustiça, de perda e uma cristalina certeza: a cidade perdeu. Perdeu um vereador combatente, fiscalizador, independente das estruturas do capital, aliado das lutas da educação, da saúde, dos movimentos sociais, dos despejados, dos sem teto, dos descriminados, dos jovens, das periferias esquecidas, dos que protegem a natureza. Por conta das injustas regras do jogo eleitoral é a segunda vez que candidatos do PSOL no Ceará recebem votações expressivas e ficam de fora do parlamento por não alcançar o coeficiente eleitoral. Em 2010 Renato Roseno teve uma votação extraordinária de quase 114.000 votos e não foi eleito Deputado Federal. Este ano Ailton Lopes foi o quinto mais votado em Fortaleza e não entrou porque faltaram 405 votos para alcançar a legenda.

Tivemos muita dedicação, entrega e doação de nossas/os candidatas/os, de nossa pequena e aguerrida militância, de apoiadores e parceiros de lutas. A todos eles nosso profundo agradecimento. Ao João Alfredo por segurar mais uma missão difícil, por sua coerência e sua energia, seu exemplo. Aos que estiveram conosco de outras organizações, a nossa vice Raquel Lima e a todas/as candidatas/as a vereadores. É muito gratificante militar ao lado de vocês. Há em min uma sensação de que poderíamos ter feito mais, articulado mais, ser mais forte e eleger o Ailton.  Derrotaram-nos nas urnas, mas não perdemos nossa dignidade. Nenhum voto comprado, nenhum militante pago, nenhuma doação vergonhosa. Como bem disse Darcy Ribeiro, “detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

Hoje cedo, abatido com o resultado das urnas e com essa crescente onda conservadora, conversava com um jovem que votou pela primeira vez e ele me disse: “há muitas pedras em nosso caminho. Vamos juntá-las em coletivo e fazer um castelo”. É hora de nos auto avaliarmos, de rever nossas condutas, de aprender com os erros internos e externos sem abrir mão de nossos princípios e bandeiras. Vamos juntar as pedras, construir castelos e trincheiras.

No PSOL repetimos muitas vezes que nossos sonhos não cabem nas urnas e que a única coisa previsível é lutar. Não nos rendemos. Não nos encontrarão no parlamento municipal, infelizmente. Mas nos encontrarão nas lutas dos que resistem contra as injustiças e o poder do dinheiro. Na verdade sem um vereador do PSOL na Câmara a voz da esquerda foi silenciada e fará falta. Perdeu, Fortaleza!


Moésio Mota – historiador e militante do PSOL CE. 


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