O Mosteiro Domus Mariae (Casa de Maria) adotou este nome porque compreende, como São Bento fala por três vezes na Regra, que o Mosteiro é Casa de Deus.
A primeira delas, no Capitulo 31, se refere a que, quem administra o Mosteiro, quem tem a função de administrar os bens do Mosteiro, que o faça de modo a que ninguém venha a se entristecer na “Casa de Deus” (31,19), essa referência não se aplica diretamente ao nosso assunto. As outras duas, entretanto, não só se aplicam diretamente a ele, como dão a natureza profundamente espiritual de um Mosteiro.
No capitulo 53, sobre os hóspedes, onde, mais do que indicar os cuidados práticos e, principalmente, a atitude religiosa que deve envolver a recepção dos hóspedes, dos peregrinos, dos pobres e de qualquer pessoa que bata a porta do Mosteiro e ou o procure, conclui São Bento “assim a Casa de Deus será sabiamente administrada por gente sábia. Observamos que não é o Abade, ou o hospedeiro, ou a quem a visita se dirija, por exemplo, os parentes de um Monge, mas sim que toda a comunidade, a casa que os ou as acolhe. E a substância desta acolhida, inclusive as preocupações materiais e humanas que as cercam, é a Caridade.
É, contudo a terceira menção a mais significativa, pois se refere explicitamente à relação do Mosteiro com os outros cristãos, é o Capítulo 64 onde São Bento coloca a hipótese de uma comunidade relaxada, inobservante e infiel na busca de Deus, eleger um Abade indigno e incapaz. São Bento apela então para o Bispo do lugar, para os Abades e os cristãos da vizinhança (christianos vicinos), pedindo-lhes que intervenham e não permitam que prevaleça o plano dos maus; que eles mesmos coloquem, no lugar, um digno administrador da Casa de Deus. E São Bento faz disso um dever deles, sob pena de pecado. O que é posto em relevo aqui é que o Abade não é tanto a pedra angular do Mosteiro, mas antes, que o Mosteiro não é uma coisa só de monges. O povo inteiro está e deve estar envolvido na vida da comunidade monástica. O Mosteiro é um bem deles também, pois que pecam se o deixam degradar. O mosteiro interessa a todos os cristãos.
O Mosteiro não é, portanto a casa dos monges, mas antes a Casa de Deus.
Esta é a pobreza dos monges: eles devolvem a Deus a plenitude da posse dos bens. O monge não é o dono da casa, mas sim Deus, ele, estável nela, não passa de um peregrino na casa e no mundo, “não passa de um faxineiro de igreja”. É o valor sagrado do voto de pobreza monástico: a posse do bem material não fica dividida entre Deus e o homem, mas é todo de Deus. Por isso passa a ser o balde da limpeza, a enxada da horta, a caneta do escritório, o garfo da cozinha, “como vasos sagrados do altar”. Se é tudo de Deus, tudo é sagrado.
E, esta consciência, transbordando sobre os muros do Mosteiro, sobre o mundo, este bem deixa de ser próprio de um e passa a ser, como bem de Deus, bem de todos os homens. Mosteiro Casa de Deus, é Casa de Maria, é Casa de todos os filhos de Deus e dos filhos de Maria.
Bem vindos à casa da Mãe!!
Dom Antônio Piber, Abade
EREMITÉRIO FRANCISCANO DOMUS MARIAE
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