segunda-feira, 16 de maio de 2016

HOMOFOBIA: 'MOMENTOS DE HORROR', AFIRMA VÍTIMA DE AGRESSÃO A HOMOSSEXUAIS NA UFSCAR

Jovens que não fazem parte da universidade bateram em estudantes. Caso ocorreu durante festa no palquinho e será apurado pela universidade.


Jovem sofreu ferimentos no braço e na boca (Foto: VC no G1)

Jovem sofreu ferimentos no braço e na boca em
festa no campus da UFSCar (Foto: VC no G1)

"O sentimento é de impotência. Estamos amedrontados e indignados pelos momentos de horror que vivemos". O desabafo é de uma das vítimas de agressão a homossexuais que aconteceu dentro da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante um evento no palquinho na madrugada do último sábado (14), em São Carlos (SP).  Em nota, a reitoria da UFSCar lamentou o fato e informou que vai apurar o caso.
O rapaz de 25 anos, que prefere não se identificar, contou ao G1 que estava com o namorado, estudante da universidade, e outros dois amigos e todos foram espancados por um grupo de aproximadamente 15 jovens. As quatro vítimas vão registrar um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (16).
Jogaram meu amigo no
chão, quatro ficaram chutando
ele no rosto, nas costas, sem
saber que parte atingiam"
Participante de festa
O rapaz relatou que, 15 minutos depois de chegar à festa, voltou com os amigos para o carro para pegar uma bebida e nesse momento o grupo foi surpreendido por um dos agressores. "O garoto parou ao lado do carro e falou para o meu amigo: vou fazer xixi. Meu amigo não entendeu direito e disse que tudo bem. Aí o garoto pediu R$ 2. Meu amigo disse que tinha. Então ele se aproximou e vieram mais três garotos. Um deles falou para mim: dá o dinheiro. Falei que não tinha. Nesse momento ele me passou uma rasteira e me derrubou".
A vítima contou que, em questão de segundos, cerca de 15 jovens foram para cima do grupo. "Começaram a bater e chutar. Jogaram meu amigo no chão, quatro ficaram chutando ele no rosto, nas costas, sem saber que parte atingiam. Eu levei um chute no rosto, virei e consegui levantar. Mas levei uma pernada nas costas, caí de boca na areia, foi quando conseguir rolar pelo chão e depois correr. Pedi ajuda para um grupo de pessoas que estava passando. Eles intercederam, mas já tínhamos apanhando bastante e a gente não entende o motivo", contou.
Oswaldo Siqueira de Souza contou que namorado foi uma das vítimas (Foto: Reprodução/Facebook)
Oswaldo Siqueira de Souza contou que namorado
foi uma das vítimas (Foto: Reprodução/Facebook)
O rapaz disse ainda que os agressores, todos aparentando menos de 25 anos, não furtaram nada. Ele também não soube explicar o porquê de terem apanhado.
"Na hora do nervoso não conseguimos identificar o rosto de ninguém, até porque estava escuro e havia muitas pessoas. Estávamos com medo e muitos machucados. Abordamos alguns guardas da universidade e pedimos para que nos acompanhassem até o carro para que pudéssemos sair dali em segurança. Passei pelo médico, sofri lesões, mas nada sério, machuquei o braço e a boca por dentro".
Extrema violência

O aluno Lucas Boldrini contou que ele e mais cinco amigos voltavam para o alojamento quando presenciaram a cena de “extrema violência e tristeza”. Segundo ele, cerca de 8 jovens agrediam um estudante caído no chão com pisões no rosto.

“Eu e mais dois fomos tentar apaziguar a situação. Aos nos aproximarmos, os moleques cessaram a agressão. Chegamos a tempo. Esses moleques [agressores], horas antes, estavam vendendo drogas no palquinho”, relatou.
Vítima de agressão relatou caso em sua página na rede social (Foto: Reprodução/Facebook)
Vítima de agressão relatou caso em sua página
em rede social (Foto: Reprodução/Facebook)
Celular roubado

O estudante Oswaldo Siqueira de Souza, de 18 anos, contou que o namorado dele, de 23, teve o celular roubado no evento.

“Estávamos em um grupo de amigos e meu namorado com o aparelho na mão. Passaram três pessoas ao lado e uma delas pegou o celular e continuou andando como se nada tivesse acontecido. Eu quis ir atrás, mas meu namorado não deixou porque disse que poderia ficar pior. Como de fato ficou. Percebi que o alvo desse grupo era contra os gays, principalmente depois que soube dos casos de agressões”, contou Souza.
O aluno relatou que, após o episódio, deixou o local por volta das 2h da madrugada. O namorado não quis registrar um boletim de ocorrência. “A proposta do palquinho é muito boa, um evento de alunos feito para os próprios alunos. Foi bem organizado, mas essa falta de segurança acabou estragando a festa. Acho que seria uma boa opção deixar entrar apenas estudantes”, disse.
UFSCar apura o caso

Em nota, a reitoria da UFSCar informou lamentar profundamente tais ocorrências e, especificamente, a retomada da realização das festas, o que contraria acordo firmado entre o Conselho Universitário e representantes das entidades estudantis em dezembro do ano passado, que previa a suspensão da realização de festas até que uma proposta alternativa à proibição definitiva – frente às inúmeras ocorrências de ameaças à integridade física das pessoas e do patrimônio público associadas a esses eventos relatadas naquele momento – fosse apresentada pelos estudantes.

A universidade informou ainda que já está averiguando os fatos ocorridos para que possam imediatamente ser encaminhadas providências de responsabilização dos envolvidos e prevenção de novas ocorrências similares e se colocou à disposição das vítimas de quaisquer tipos de violência e/ou discriminação para o apoio institucional necessário.
Disponível em:  http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2016/05/momentos-de-horror-afirma-vitima-de-agressao-homossexuais-na-ufscar.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário