Como ficará a divisão de tarefas e de contas deve ser discutida pelo casal.
Por mais afinidade e harmonia que haja quando cada um mora na própria casa, é na hora de viver sob o mesmo teto que a história de amor passa por sua maior prova de resistência.
"Encarar a responsabilidade sobre a manutenção do ambiente a dois pode ser complicado se um dos envolvidos (ou ambos) não estiver disposto a fazer sua parte, o que inclui concessões, nessa nova jornada", afirma o terapeuta familiar e de casal Luciano Passianotto, de São Paulo.
A seguir, especialistas em relacionamento listam oito perguntas para o casal considerar antes de tomar a decisão de viver junto.
1 - O que significa, de fato, morar junto?
O conceito precisa estar muito bem definido para os dois. Se a decisão é uma forma de casamento -- que acontece quando o relacionamento já dura um tempo e há compromisso claro de ambos os parceiros--, ela é o resultado da construção de um projeto comum. Agora, se for motivada por outros aspectos, como uma alternativa para rachar o aluguel ou porque foi expulso de casa pela orientação sexual ou identidade de gênero, há pontos que precisam ser bem analisados antes da decisão. Quando surgirem as diferenças (e elas certamente aparecerão) qual será o combinado do casal? O insatisfeito pode se mudar ou ambos tentarão esgotar as possibilidades para resolver a situação, antes de optarem por dissolver a relação ou voltar ao patamar de apenas namorados? Por isso, é fundamental um diálogo claro.
2 - A quem pertence o espaço?
Uma coisa é os dois construírem juntos um espaço próprio. Outra é um morar na casa do outro. A decisão de morar junto implica na construção de um "nós". Se uma das pessoas já mora sozinha, é preciso muita conversa para analisar o quanto desse lugar poderá ser do casal. Os dois terão direitos iguais? Se isso não fica claro desde o início, muitos problemas podem acontecer em pouco tempo.
3 - Como o casal irá organizar o dia a dia?
Toda convivência necessita de regras. E morar junto requer a administração de direitos e deveres de ambos os lados. Por isso, os acordos devem ser claros desde o começo. Assim será muito mais fácil evitar desgastes e aborrecimentos. Ao viver sozinho, é possível tomar decisões sem precisar pensar muito, como o quê e em que horário comer, quando limpar a casa e quando se divertir ou relaxar. Quando dividimos o teto com alguém, todas essas são decisões que precisam ser tomadas em conjunto. Pessoas diferentes têm hábitos diferentes e acreditar que o outro vá se adaptar ao seu modo de fazer as coisas é muita ingenuidade. É preciso estar ciente de que uma nova rotina que melhor acomode as necessidades do casal vai precisar ser desenhada e seguida.
4 - Quais são as expectativas?
É saudável que nenhum dos dois acredite que o cotidiano vai ser um eterno romance. Uma das queixas mais comuns dos casais é que o parceiro passou a ser outra pessoa após o relacionamento ficar mais sério. A decisão de morar juntos é um grande passo em um relacionamento amoroso. Tomá-la baseado naquilo que se acredita que o outro é enquanto se está apaixonado é um erro. Por isso, as pessoas precisam se conhecer realmente.
5 - Como dividiremos as contas?
O casal deve avaliar quais acordos financeiros permearão a decisão de morar juntos. Quem pagará o quê, como vão lidar com as despesas pessoais e o que farão com o excedente do salário são algumas das questões que devem ser ponderadas. Falar sobre finanças é uma forma de fortalecer a relação amorosa, uma vez que proporciona o respeito mútuo, eleva a cumplicidade, o estabelecimento dos limites e evita problemas financeiros que podem levar à separação.
6 - Estou disposto a compartilhar minha intimidade?
Morar com alguém é mais do que dividir a cama. É compartilhar a lavanderia e o banheiro. Morar sob o mesmo teto faz ainda com que as pessoas troquem mais ideias, confessem medos e preocupações e tracem objetivos a serem alcançados, aspectos que aproximam os casais e geram confiança e parceria. Você vai se expor mais. Parece assustador, mas pode ser gratificante e enriquecedor.
7 - Conseguirei tolerar as diferenças?
Conviver sob o mesmo teto é aguentar que o outro não abaixa a tampa da privada, não repõe o papel higiênico, deixa fios de cabelo pelo chão ou no boxe e, muitas vezes, nem dá descarga depois de usar o banheiro. É se deparar com realidades inesperadas em relação ao "amor de sua vida", que se revela humano. É preciso maturidade para lidar com a verdadeira intimidade do dia a dia de um casal.
8 - Um está pronto para lidar com o universo do outro?
Uma das lições mais valiosas da arte de conviver é reconhecer a necessidade do outro de ficar sozinho em alguns momentos e exercitar sua individualidade --e também reivindicá-la para si. Na contramão dessa questão, estão as interações sociais. Embora seja natural que o casal se empolgue com a nova vida, a vida social é importante e ambos têm diferentes famílias e amigos. É bom ter isso em mente e combinar como vocês pretendem lidar com a questão.
Fontes: Adelsa Cunha, psicóloga e psicodramatista e organizadora do livro "Por Todas as Formas de Amor" (Editora Ágora); Blenda de Oliveira, psicóloga clínica e terapeuta familiar e de casal; Luís Fernando Nieri de Toledo Soares, da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica) e filiado à IAAP (International Association for Analytical Pscychology); Márcia Tolotti, psicanalista, consultora em educação financeira e autora de "As Armadilhas do Consumo" (Editora Elsevier) e Rosicler Santos Bahr, psicóloga, terapeuta familiar e coordenadora do Intercef (Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família), em Curitiba.
Disponível em: http://www.gay1.ws/2015/12/8-perguntas-para-fazer-antes-de-viver.html
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