No distrito de Caldas, próximo a Barbalha, o agora governador eleito é visto como um homem simples, aberto ao debate e tímido. E não parecia levar muito jeito para a política.
“O Cariri se orgulha de ter um governo como vai ser o de Camilo, viu?” declara Raiumunda Germano da Conceição, aposentada a quem o agora governador eleito Camilo Santana (PT) foi visto tomando a bênção no domingo do segundo turno. “Ele toda a vida me deu atenção”, comenta sobre o episódio respeitoso.
Dona Raimunda, que afirma conhecer o petista desde os anos 1980, muito antes de ele ser petista, governador ou qualquer coisa pela qual os cearenses hoje o conhecem. Ela, inclusive, carrega na carteira um santinho de Camilo de quando ele ainda era candidato a deputado estadual, ou, de acordo com a aposentada, de quando era “bem novinho”. Ela fez questão de mostrá-lo ao próprio Camilo no dia da votação.
Segundo a senhora, Camilo não era do tipo de criança que brincava na rua com frequência. “Era um rapaz estudado, né?”, comenta. João Bosco Sá, gerente do balneário do distrito de Caldas, onde o petista tem residência, confirma a tese. Camilo teria sido um garoto muito tímido. “Eu não sei nem se ele sabe dançar”, afirma. Bosco, que diz conhecer o ainda deputado estadual desde quando ele tinha um ano de idade , descreve um Camilo Santana estudioso e, apesar da timidez, muito aberto às pessoas. “Eu nunca vi nele uma postura de arrogância”. Mas afirma que ele sabe ser rígido.
Camilo, segundo Bosco, não parecia ter muita vocação para a política em sua juventude. O petista não teria se envolvido na campanha da própria mãe, Ermengarda Santana, para vice-prefeita de Barbalha, em 1992. Na época, ele estaria muito mais preocupado com os estudos no curso de Agronomia. “Não consegui entender nem como ele entrou na política”, arremata o amigo dos Santana.
A iniciação de Camilo no mundo político teria ocorrido após seus anos na Universidade Federal do Ceará, onde ele presidiu o Diretório Central dos Estudantes. “Quem faz política estudantil, ingressa na política partidária com muita facilidade”, declara.
A influência primordial para o ingresso de Camilo em uma agremiação partidária foi, na opinião do gerente, a família. O pai, Eudoro Santana, por exemplo, foi deputado estadual e diretor do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). Hoje, é presidente
Com a virada do milênio, começou a participação de Camilo na vida partidária. O hoje petista foi, segundo Bosco, um dos responsáveis pela reestruturação do PSB em Barbalha - PSB este que acabou apoiando o adversário do petista Eunício Oliveira (PMDB) – e, em 2000, foi o candidato socialista a prefeito de Barbalha. “Nessa eleição, eu não votei nele”, confessa Bosco, completando em seguida “foi a única eleição em que eu não votei com o doutor Eudoro”.
Quanto ao governo do conterrâneo, tanto Bosco quanto dona Raimunda – aquela a quem ele pediu a bênção – tem as melhores expectativas possíveis. “Eu rezo a Deus para que ele faça um bom governo”, diz a aposentada. Bosco acha que “ele vai ter uma diferença em relação a Cid Gomes, porque ele é um homem de diálogo”. Bosco não acredita que Camilo será o “preposto” dos Ferreira Gomes, como adversários vinham apregoando. “A (tropa da) Polícia acha que o Camilo vai ser fantoche do Cid, mas ele não vai ser fantoche de ninguém”, declara.
Assista ao vídeo com trechos da entrevista:
https://www.youtube.com/watch?v=oku-z2rtiJU
Bosco Sá
É compadre do pai de Camilo, Eudoro Santana, e afirma que os cabelos brancos nunca impediram Camilo de criticá-lo quando acha necessário
Dona Raimunda
Diz que Camilo conhece bem o Ceará e que sempre fez muito pelo Cariri. “Isso aí, quem conseguiu foi ele”, apontando para o novo calçamento na rua
SAIBA MAIS
O santinho de Camilo na carteira trouxe problemas para dona Raimunda. No dia da eleição, ela mostrou a amigos na seção eleitoral, o que lhe rendeu a expulsão do local. “Eu vou sair, eu já votei no PT, no Camilo”, relembra, aos risos.
Dona Raimunda, apesar de admitir ter votado em Eunício Oliveira para senador em 2010, soltou alguns adjetivos ruins para o candidato Eunício de 2014.
Bosco Sá afirmou que Camilo gosta de jogar futebol com os amigos quando está na cidade. Perguntado se ele joga bem, Bosco afirma que acha “que é só pela diversão mesmo”.
A timidez do jovem Camilo teria atrapalhado o agora governador eleito com as garotas. “Eu acho que ele namorou muito pouco”, afirma Bosco. O gerente do balneário também elogiou o governador Cid Gomes. Na opinião dele, o melhor governo desde Adauto Bezerra.
Disponivel em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2014/11/01/noticiasjornaldom,3340902/o-governador-que-nao-sabia-dancar.shtml
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