Afastado desde abril de 2013, padre Beto continua a celebrar casamentos. Diocese de Bauru (SP) divulgou decisão no fim de semana.
Público lotou a última missa do padre em Bauru (Foto: Camila Turtelli/Agência BOM DIA)
O padre Roberto Francisco Daniel, conhecido como padre Beto, reagiu com naturalidade à oficialização da excomunhão pelo Vaticano e disse que não pretende voltar atrás na postura que tomou em relação a assuntos polêmicos dentro da Igreja Católica.
O padre afirma que não há motvo para pedir perdão e diz que a Igreja ainda vai rever certos dogmas. “Não vou pedir perdão por dizer que os homossexuais têm todo o direito de viver a sua vida, a sua sexualidade. Como ela (a Igreja Católica) já pediu perdão aos judeus e a outros grupos, ela terá que pedir perdão ao grupo GLBT, por ter agido de forma homofóbica e dissimulada.”
O pedido de excomunhão da Diocese de Bauru foi feito em abril do ano passado, após a divulgação de vídeos na internet onde o sacerdote defendendo a união de casais gays e de pessoas divorciadas.
Segundo o comunicado, divulgado no último sábado (15), o "reverendo Padre Roberto Francisco Daniel está e permanece excomungado" e a situação só poderia ser revertida caso ele pedisse perdão pelo o que o direito canônico considerou heresia.
Ele ainda afirma que, apesar da oficialização pelo Vaticano, não acredita que o Papa Francisco tenha analisado o processo de excomunhão pessoalmente e autorizado a oficialização da punição estabelecida pela Igreja. “Essa atitude do Papa de convocar esse círio dos bispos para discutir novos modelos de família já é uma tentativa de mudança, que, infelizmente, não deu certo porque os bispos não estão preparados para aceitar as mudanças que envolvem a união dos homossexuais, a segunda união de casais heterossexuais e assim por diante”, completa.
Apesar de estar afastado da Igreja Católica desde abril do ano passado, o padre ainda celebra casamentos e outros rituais fora da religião e afirma que, mesmo após o comunicado oficial da excomunhão, irá continuar dando suas bênçãos sempre que for solicitado.
Em Bauru a decisão da igreja católica de excomungar Padre Beto, mesmo após um ano e meio do afastamento dele das atividades eclesiásticas, ainda é polêmica entre os fiéis. "Eu acho que ele deveria ter voltado atrás, mas como não voltou", afirma a dona de casa Nair Dota.
"Eu acho que deveriam ter dado uma chance para ele, ter feito uma suspensão primeiro para ele poder pensar no que aconteceu", completa Alice Aparecida Ribeiro. Já o porteiro, João Brune Francisco, acredita que as regras da Igreja devem ser respeitas. "Ele era uma ótima pessoa, muito bom para pregar, mas a Igreja Católica, como toda instituição tem as suas regras e a gente deve respeitá-las."
A Diocese de Bauru informou que o processo de excomunhão não está na instância local por isso todas as informações estão contidas apenas no comunicado e nenhum integrante da Diocese irá se manifestar sobre a decisão.
Entenda o caso
Declarações polêmicas do padre acerca de temas como a homossexualidade, fidelidade e necessidade de mudanças na estrutura da Igreja Católica nas redes sociais causaram um pedido de retratação ao padre por parte da Diocese de Bauru em abril de 2013. Como o padre não se retratou e decidiu deixar a Igreja Católica, a Diocese decidiu pela excomunhão no dia 29 de abril de 2013.
No documento, divulgado na época na página da Diocese em Bauru , o Bispo Dom Caetano Ferrari afirmava que a decisão é consequência dos atos do padre e que nenhum católico, muito menos um sacerdote poderia se valer do direito de liberdade de expressão para atacar a fé, na qual foi batizado.
Disponível em: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2014/11/igreja-pedira-perdao-aos-gays-diz-padre-excomungado-pelo-vaticano.html
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