Por mais que pesquisas indiquem altos índices de doenças psicológicas entre os idosos LGBT , a velhice dos gays não implica em solidão, depressão ou abandono;
Nos artigos que eu escrevo procuro ser positivo, porque o gay idoso de hoje não é igual ao de ontem e a tendência natural é a evolução dos seres humanos e das sociedades.
Outro dia eu recebi um e-mail de um senhor homossexual de setenta anos pedindo algumas dicas, para combater a solidão e o isolamento.
Para entender a situação trocamos mensagens durante uma semana, até eu identificar como poderia orientá-lo sobre o assunto.
Caro leitor, talvez você fiquei indignado, mas eu classifiquei os homossexuais em dois grupos: Pobres e os Confortáveis
A velhice de qualquer pessoa, homossexual ou não, depende de vários fatores e muitos deles são materiais, os principais são: escolaridade, renda mensal, plano de saúde, bens imóveis e bens móveis.
Os gays idosos pobres tem muita dificuldade de viver uma velhice digna, porque dependem de parentes ou amigos para a manutenção das condições básicas da vida. Invariavelmente, o provento da aposentadoria é inferior a R$1.000,00 por mês, não possuem reserva financeira, o grau de instrução é baixo, não possuem casa própria, e dependem do sistema básico de saúde que no Brasil é ineficiente e do transporte público para locomoção diária.
Infelizmente o cenário apresentado acima é crítico e os gays idosos desse grupo vivem confinados num extrato social que os aprisiona, deixando-os à mercê de todas as situações ruins possíveis.
Num cenário desfavorável esses homossexuais têm mais propensão às doenças físicas e psicológicas, ao isolamento social e ao preconceito, salvo raras exceções.
Os gays confortáveis vivem uma velhice mais digna, porque tem boa escolaridade, a maioria possui nível superior, tem renda mensal acima de 10 salários mínimos, possuem dinheiro aplicado em poupança ou renda fixa , possuem casa própria, plano de saúde, carro, etc.
Nesse cenário é possível viver bem e com qualidade de vida, além de abrir um leque de opções sociais, o que permite combater o isolamento, além de bater de frente contra o preconceito.
Quanto ao meu correspondente ele se enquadra no grupo dos gays confortáveis, e o problema da solidão e do isolamento social é decorrente da maneira como ele vive, ou seja, está vivendo como se ainda fosse muito pobre, pois acumulou bens imóveis e móveis durante a vida, e, quando chegou na terceira idade, não soube tirar proveito do que plantou e não compartilha com ninguém. No caso específico dele, também, tem dificuldades de relacionar-se com outros gays.
É ruim ter que dividir os gays em grupos sociais, mas os grupos existem porque isso é reflexo da nossa sociedade nada igualitária, principalmente para os gays.
Além de tudo isso que eu escrevi, existem outros fatores desfavoráveis. Muitos gays tem medo de envelhecer e quando a velhice chega não aceitam o envelhecimento como um processo natural da vida.
O medo da vida sexual na velhice, a falta de afeto, falta de laços familiares ou de amizades são outros fatores que precisam ser trabalhados desde a maturidade por cada individuo homossexual.
Disponível em: http://grisalhos.wordpress.com/
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