sábado, 29 de novembro de 2014

EXPULSO DA POTYCABANA, TRANSGÊNERO DIZ QUE FOI VÍTIMA DE PRECONCEITO

Vídeo mostra PM expulsando jovem transgênero do Parque Potycabana. Administrador do parque nega que houve discriminação.



Um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais revoltou o movimento LGBT (Lésbicas Gays Bissexuais e Transexuais) de Teresina. As imagens mostram um garoto transgênero sendo expulso do Parque Potycabana, Zona Leste de Teresina, por um dos policiais que fazem a ronda no local. O jovem alegou que foi discriminado, mas o administrador do parque afirmou que o rapaz estava fazendo baderna. O fato ocorreu no domingo (23), por volta das 20h.
Erick Moraes, transgénero masculino (mulher que se identifica como homem), de 20 anos, disse que chegou no parque por volta das 20h do domigo acompanhada de outros quatro amigos quando foram abordados sem motivo aparente.

“Eu me encostei na mesa e percebi que vinha um guarda na minha direção. E antes mesmo de me abordar ele falou: ‘Deixa eu apresentar. Jovem, isso aqui é uma mesa. Mesa, isso aqui é um jovem’. Ele falou isso com muita ironia e eu até disse para ele que não precisava falar daquela forma, porque eu já tinha percebido que ele viria para reclamar da forma que eu estava”, contou.

Segundo Erick, o guarda o puxou pelo braço e disse que ele estava fora do parque. “No começo, quando ele disse que ia me colocar para fora do parque, ele achou que eu era homem. Foi aí que ele passou a ser mais agressivo. Não acreditava que eu era mulher”, disse.

A jovem de iniciais M.L, 14 anos, amiga de Erick e responsável pela gravação do vídeo, disse ter ficado revoltada com a situação. "Eu fiquei indignada porque foi um absurdo a forma como ele tratou o Erick. Acho que ele agiu com abuso de autoridade, não se identificou e ainda andava sem farda", disse.

A representante do Grupo Matizes, Carmem Lúcia, organização sem fins lucrativos, cuja missão principal é a defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, comentou sobre o caso.

“Nós ficamos indignados quando tivemos o conhecimento do vídeo porque a discriminação parte de quem tem o dever de nos proteger. Uma lei estadual de nº 5431 dispõe sanções administrativas e disciplinares para quem pratica discriminação e preconceito com relação ao sexo. Inclusive servidores públicos também podem responder, como se refere esse caso, em que o servidor proíbe o ingresso ou a permanência da pessoa discriminada em local público”.

Ela disse ainda que se caso for de interesse do Erick, podem ser instauradas ações na esfera cível e administrativa, o Grupo Matizes possui uma assessoria jurídica e se coloca à disposição para acompanhar o caso. "Já entramos em contato com ele e a gente espera que a denúncia seja formalizada”, comentou Carmem.

Outro lado
O administrador do Parque Potycabana, Francisco Mota, comentou que possui uma administração dialogada e saudável com o grupo Matizes e falou ainda que o parque é contra todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação. Para ele, o verdadeiro problema não teve relação nenhuma com o fato de a menina ser lésbica.

“O vídeo não transparece a realidade do fato. O vídeo só mostra o desfecho da situação e a conversa é toda relacionada ao fato de estar ocorrendo uma discriminação da pessoa envolvida. O que teve foi um excesso por parte da garota que subiu em uma das mesas do parque e dançava. A ação do policial foi garantir a segurança da garota, que poderia se ferir em caso de algum acidente, e ao mesmo tempo com a depredação e destruição do patrimônio público”.

O policial que faz o comando do parque é o tenente Carlos, que já tem 20 anos de atuação e para o administrador da Potycabana, o responspevel pela segurança do parque "foi escolhido a dedo".

Segundo Francisco Mota, só em 2014 foram trocadas 12 mesas no Parque Potycabana por ação indevida da população. Ele disse ainda que o policial também se sentiu ofendido na situação e que vai registrar ocorrência contra a garota por desacato a autoridade ao chamá-lo de “lixo preconceituoso”.

O policial não foi encontrado para comentar o caso.

Disponível em:  http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/11/expulso-da-potycabana-transgenero-diz-que-foi-vitima-de-preconceito.html

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