quarta-feira, 12 de novembro de 2014

CASAL GAY É ESPANCADO NO METRÔ DE SÃO PAULO

Jovens levaram chutes no rosto e nas costas. Um dos rapazes ficou com o nariz quebrado e precisará passar por cirurgia reparadora.


Raphael teve o nariz quebrado e vai precisar passar por cirurgia reparadora.

Em mais um episódio de violência contra a população LGBT na capital paulista, o casal formado pelo gestor financeiro Raphael Martins, 20 anos, e o estudante universitário Danilo Ferreira Putinato,21, foi vítima de agressão dentro de uma composição do metrô entre as estações Armênia e Luz. Segundo os rapazes, um grupo de cerca de 15 homens, supostamente de torcida organizada, chutou os rostos deles. Raphael acabou com uma fratura no nariz.

O caso aconteceu no último domingo, por volta das 14h. O casal, como qualquer casal, estava abraçado trocando beijos dentro da composição, quando o grupo de homens entrou no vagão. Ainda segundo Raphael, ao avistar ele e o namorado se beijando, o grupo começou a gritar para que parassem, pedindo por “respeito”. O que aconteceu a partir daí, segundo o relato de Raphael, foi uma sessão de selvageria. Eles foram vítimas de chutes nos rostos. Raphael sofreu fratura no nariz e precisará passar por cirurgia reparadora.
“Um dos rapazes do grupo começou a nos provocar após darmos um beijo, ele pedia que parássemos e exigia “respeito”. Daí todos os outros começaram a exigir respeito e pedir para que saíssemos do trem. Ficamos sem reação porque eles formaram uma roda em volta da gente. Eles começaram a se pendurar nos ferros do trem e nos chutar. Um chute acertou o rosto do meu namorado e um outro acertou o meu. Ele não teve nenhum ferimento aparente no rosto (apenas inchou um pouco no momento), mas eu quebrei o nariz e começou a sangrar muito.
Meu celular caiu no chão e um outro homem (que eu não tenho certeza se fazia parte do grupo ou não) pegou e me entregou e pediu para a gente sair”.

“Acreditamos que era alguma torcida organizada, mas eles não estavam trajando nenhuma camiseta de time (os funcionários do metro disseram que as torcidas organizadas não andam mais caracterizadas para dificultar a identificação)”, contou também o jovem .
Temendo pelo pior, Raphael e o namorado contam que saíram da composição em meio à sessão de espancamento. “Eu pedi para ele (o namorado), para sairmos do vagão naquele momento porque senão ficaríamos lá sendo agredidos até chegar na estação seguinte. Apesar de eu ter quebrado o nariz, tivemos ferimentos leves e isso porque decidimos descer da composição. Do contrário, poderíamos até ter sido mortos. Eles (os agressores)seguraram as portas da composição para que elas não fechassem e nos empurraram para fora aos chutes”, lembra do horror o gestor financeiro.
Eles pediram ajuda aos funcionários do metrô paulista. O casal, em informação confirmada pela companhia, foi levado por uma equipe ao atendimento médico na Santa Casa, ao IML e à delegacia do Terminal da Barra Funda do metrô, onde o boletim de ocorrência foi registrado. O caso foi notificado como lesão corporal e encaminhado para a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) da Polícia Civil.
Ainda traumatizado com que aconteceu, Raphael define o sentimento após a agressão. “O sentimento é de humilhação, de não poder simplesmente andar por aí, fazer coisas que casais normais fazem”. O gestor financeiro lembra que não foi a primeira vez que viveu de perto a homofobia enraizada no país.
“Ano passado eu fui perseguido por meses no meu bairro por duas pessoas (uma ex-colega de escola e o namorado dela que é skinhead), e há alguns meses, quando estava conhecendo o Danilo, fomos a um restaurante na Vila Olimpia e um skinhead nos viu, fez gestos intimidadores e ficou nos aguardando do lado de fora para nos bater quando saíssemos (só conseguimos ir embora porque pedi para o meu pai nos buscar de carro)”, relata o rapaz.

Em setembro,  jovem homossexual foi morto a facadas no terminal Jabaquara
Em outro caso de violência contra homossexuais na capital paulista, ocorrido em setembro, três homens foram esfaqueados na área do terminal do Jabaquara. Uma das vítimas, Samuel da Rocha, 23 anos, levou uma facada no abdômen quando estava em um supermercado na região do terminal. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. Outras duas pessoas foram atacadas, uma próxima à bilheteria do metrô Jabaquara e outro dentro do banheiro. Eles foram operados, contudo não correram risco de morte. Ninguém foi preso.

Disponível em:  http://blogs.odia.ig.com.br/lgbt/2014/11/11/casal-gay-e-espancado-no-metro-de-sao-paulo/

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