"Ele representa tudo que é de atraso na luta pelos direitos das mulheres", afirmou a publicitária Ludmilla Teixeira, uma das criadoras do grupo, para EXAME.
São Paulo – Mais de um milhão de mulheres estão unidas contra Jair Bolsonaro
– pelo menos no Facebook. Um grupo, criado há menos de duas semanas na
rede social, atingiu 1 milhão de integrantes na madrugada desta
quarta-feira (12).
O grupo foi criado como forma de mobilização contra a candidatura,
pelo PSL, do capitão reformado à Presidência da República – atual líder
nas pesquisas eleitorais divulgadas nesta semana, com 24%, segundo o
Datafolha, e 26%, de acordo com o Ibope.
“Ele representa tudo que é de atraso na luta pelos direitos das
mulheres, ele ataca diretamente a licença maternidade, a diferença
salarial entre homens e mulheres”, afirmou a publicitária Ludmilla
Teixeira, uma das criadoras do grupo, em entrevista a EXAME.
A iniciativa é apartidária e não é alinhada com nenhum espectro
ideológico; são aceitas mulheres de esquerda e de direita,
indiscriminadamente. A única bandeira fixa, resumiu Ludmilla, é: “não
importa o seu candidato, desde que não seja Bolsonaro”.
O diálogo com essa parcela do eleitorado, inclusive, se mostrou um
fracasso. No início, diz a publicitária, foi permitida a entrada de
eleitoras declaradas de Bolsonaro, mas o clima ficou hostil e as
fundadoras ficaram preocupadas em criar um antro de brigas, em vez de um
pólo de debate e crescimento.
Rejeição
Segundo o Datafolha, divulgado na última segunda-feira (10),
Bolsonaro é o candidato mais rejeitado pelo eleitorado: 43% declararam
que não votariam nele de jeito nenhum, parcela que sobe para 49% entre
as mulheres.
De acordo com um texto publicado no site Observatório das Eleições pelo professor de ciência política Jairo Nicolau, da UFRJ,
a situação de Bolsonaro é singular, porque nas últimas eleições “não há
casos de um candidato à Presidência com uma discrepância tão grande”
entre votos de homens e mulheres.
Ele analisou dados do pleito de 2010 e 2014, além da pesquisa
Datafolha de agosto, na qual Bolsonaro tinha 30% da intenção de voto dos
homens, ante só 14% das mulheres, 16 pontos percentuais de diferença.
A segunda candidata com maior discrepância entre os gêneros é Marina
Silva (Rede), com então 19% da preferência feminina e 13% da masculina,
uma diferença de apenas 6 pontos percentuais.
Diante desses números, é possível entender porque o grupo cresce tão
rapidamente. Mas sua fundadora deixa claro: a iniciativa não é contra a
pessoa de Jair Bolsonaro, que, disse Ludmilla, merece respeito, e sim
contra sua candidatura.
Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/mulheres-unidas-contra-bolsonaro-tem-1-milhao-de-membros-no-facebook/
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