terça-feira, 22 de maio de 2018

VINICIUS OLIVEIRA: “TEMOS CERCA DE CINCO MILHÕES DE FAMÍLIAS SEM TETO”

“Favelas têm apenas a necessidade”

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Antonio Vinicius Oliveira Gonçalves, 
32 anos, MTST

Ele tem 32 anos, uma boa formação acadêmica em Comunicação Social pela Universidade Federal de Sergipe, seguida de um mestrado em Comunicação e Cidade e um nome maior do que as tranças rasta que arrasta consigo - Antonio Vinicius Oliveira Gonçalves.
Mas bem maior que tudo isso é o seu desejo ontológico de ver materializado o sonho de mais de 24 mil famílias de ter acesso a um teto em Aracaju - isso pode corresponder a mais de 100 mil pessoas.
A ter acesso a um pedaço de solo urbano no qual possam erguer uma casinha para chamar de sua e onde consigam estender o corpo, espalhar os objetos e viver sob um consentido sossego.
Ele deixou de lado o Antonio Gonçalves e se fez conhecido apenas como Vinicius Oliveira. É o coordenador estadual de Negociação e Organização do Movimento de Trabalhadores Sem Teto - MTST - de Sergipe, instituição organizada em 14 dos Estados brasileiros.
Do MTST, Vinicius Oliveira se aproximou por “solidariedade permanente”, uma das modalidades previstas e permitidas a quem quer atuar nele, e ao qual se integra e se dá de corpo e alma noite dia.
E olha que não é algo fácil: no MTST não se tem salário e se é submetido a riscos constantes em ocupações para as quais, na maior das vezes, o poder público e a classe média torcem o nariz e hostilizam.
Feito um buda rasta e zen, bom de diálogo e isento de radicalismo rústicos e afetados, Vinicius Oliveira, que também é um poeta de inspiração obviamente social, não se incomoda nada com essas restrições e riscos. Tem visão e, ao seu modo, vai fundo nas demandas dos sem teto.
Negocia com qualquer um de cabeça erguida, como faz agora nas duas maiores e mais recentes ocupações de Aracaju - a Beatriz Nascimento, no Japãozinho, e a Marielle e Anderson Vivem, na Coroa do Meio.
Para Vinícius, valem as boas soluções. Para Vinícius, dói muito é ver como o solo urbano das grandes e pequenas cidades é usado pela especulação imobiliária e como os governos e a sociedade tratam com desprezos os que tem sede de morada.
Segundo ele, os favelados do mundo compõem hoje a classe social que mais cresce, chegando a um bilhão dos 7,5 bilhões de habitantes do mundo, o que torna mais que seríssima a causa que ele defende.
“Os dados oficiais da equipe do Plano Diretor constam que são 24 mil famílias em Aracaju que atendem ao critério oficial do déficit habitacional”, informa. Mas ele e o MTST duvidam desse quantitativo. Acham pouco.
“A questão é que esse critério não configura e nem recepciona o aspecto da juventude em sua chegada à vida adulta. Ou seja, dentro do próprio núcleo familiar brasileiro há outros núcleos e não apenas o do “pai e mãe”. Então esse número do déficit habitacional é muito maior do que o colocado”, avisa.
A mesma desconfiança, Vinícius traz com relação ao número de assentamentos urbanos de Aracaju. “Segundo os dados que temos, são 43 assentamentos subnormais. Mas os índices também aqui são de três ou quatro anos atrás”, restringe.
“Só para se ter ideia, segundo a Fundação Getúlio Vargas, a expectativa, com a crise econômica e o desemprego, é a de que tenhamos 20 milhões a mais de famílias sem teto até 2024”, diz ele.
“Hoje, são cerca de 5 milhões delas. Será um crescimento de praticamente quatro vezes mais. Trazendo essa proporção para Aracaju, a gente está quadruplicando esse número”, ele. Nesta entrevista, o Portal JLPolítica e Vinicius Oliveira pintam um retrato sem retoque do drama da falta de moradia para “gente humilde” em Sergipe.

NÚMERO DO DÉFICIT DE FAMÍLIAS DEFASADO

“Nos dados oficiais da equipe do Plano Diretor, constam que são 24 mil famílias em Aracaju que atendem ao critério oficial do déficit habitacional. Esse número é muito maior."


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É o coordenador estadual de Negociação e Organização do Movimento de Trabalhadores Sem Teto - MTST - de Sergipe
 
 
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Disponível em:  http://jlpolitica.com.br/entrevista/vinicius-oliveira-temos-cerca-de-cinco-milhoes-de-familias-sem-teto

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