Campeões de vendas, os psicotrópicos são a face do progresso médico ou indicador de grave crise na psiquiatria?
Um dos estudiosos de gabarito internacional e crítico da psiquiatria
atual é o dinamarquês Dr Peter Gotzsche. Em livros e palestras que
percorrem mundo afora ele tem procurado demonstrar que a psiquiatria
está mergulhada em profunda crise estrutural, apesar das aparências,
apesar da sua respeitabilidade institucional.
Sua crise tem a ver com sua formatação mercantil, com sua tendência abusiva a medicalisar problemas emocionais e a impor o uso de pílulas tóxicas para todo tipo de distúrbio psíquico, mesmo aqueles que nada têm a ver com a “falta” do psicotrópico...
Sua crise tem a ver com sua formatação mercantil, com sua tendência abusiva a medicalisar problemas emocionais e a impor o uso de pílulas tóxicas para todo tipo de distúrbio psíquico, mesmo aqueles que nada têm a ver com a “falta” do psicotrópico...
Divulgamos a seguir o trecho de uma palestra, em vídeo,
em espanhol, do P. Gotzsche, em Copenhague, 2014, onde ele toca nesses e
em vários aspectos sensíveis dos perigos e, segundo ele, dos crimes da
psiquiatria.
O fato de que, em 2009, o medicamento mais vendido dos Estados Unidos
era um antipsicótico, e em quarto lugar os antidepressivos [em 2º lugar
drogas para baixar colesterol, em 3º os antiácidos] é um sintoma de
profundo desvio da psiquiatria. Aqueles medicamentos invariavelmente
criam desequilíbrio bioquímico no cérebro. E de conjunto, portanto,
estamos diante de um quadro que indica que algo vai mal. Ele relata,
também, que nos processos judiciários que chegam a acontecer, a maior
quantidade de crimes corporativos dos Estados Unidos giram em torno de
antipsicóticos.
Antigamente, um idoso tinha um ou outro problema psíquico, mas não
era medicalizado como regra, muito menos crianças. Hoje é regra.
Mesmo o luto pela perda de um ente querido é rapidamente medicado com
aquelas drogas. A civilização sempre soube que todo luto tem um prazo,
que pode ser meses e meses. Não é o que acha a psiquiatria. O “manual”
[DSM IV] internacional da psiquiatria recomendava tolerar sofrimento
pelo luto por dois meses, o que já era um problema, mas agora deu mais
um passo adiante: o DSM V considera que há que medicar o idoso em luto
imediatamente depois de 7 dias...
Gotzsche argumenta, conhecendo os perigos de tais drogas, que essa
postura, da pronta medicalização, é eticamente indefensável e até
criminosa. Aliás, um dos livros do dr P. Gotzsche, publicado no Brasil,
traz um capítulo sobre o tema [O livro se chama Medicamentos mortais e
crime organizado: como a indústria farmacêutica corrompeu a assistência
médica; e o capítulo, o 17, é Psiquiatria: o paraíso da indústria de
medicamentos].
Sobrediagnósticos e sobretratamentos é o nome da coisa. Isso nos
marcos de uma profissão contaminada, argumenta ele, com dinheiro,
corrupção e marketing. Uma crise que só tende a crescer, nos marcos do
desalento geral por conta das relações no capitalismo e também da crise
do próprio capital, ávido por nichos de maiores taxas de lucro na
medicina.
Você pode se interessar em assistir ao curto trecho do vídeo abaixo,
daquela palestra de P Gotzsche e tirar suas próprias conclusões, quem
sabe, pode assistir à palestra por inteiro, a ser oportunamente lançada
aqui no Esquerda Diário.
P Gotzsche-crise da psiquiatria-trecho do seu video no youtube Os 10 mitos da saúde mental
https://www.youtube.com/watch?v=wV_eaqa1DOs
Disponível em: http://www.esquerdadiario.com.br/Mal-estar-na-psiquiatria-a-medicalizacao-das-emocoes
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