Nesta terça-feira (25), Angela Davis,
filósofa e ativista feminista e negra norte-americana, esteve no Brasil e
concedeu uma palestra na Reitoria da Universidade Federal da Bahia. A
Insurgência replica, na íntegra, a fala de Angela Davis no espaço.
“Eu não tenho nem condições de expressar a
vocês o quanto estou emocionada por estar aqui nesta noite. Para mim, é
assim que deveria ser a aparência da universidade. Quero agradecer
à Ângela Figueiredo, ao Odara. Quero agradecer também ao NEIM pelo
convite para homenagear o dia 25 de julho. Essa é minha quarta visita a
Bahia e sexta ao Brasil.
Neste momento, me sinto extremamente envergonhada por ainda não ter
aprendido português. Esse é o meu próximo projeto. Estou muito feliz por
estar aqui celebrando com vocês o Dia da Mulher Negra Latina e
Caribenha. Na Bahia, o Julho das Pretas. Estou muito entusiasmada por
estar aqui no Brasil, especialmente porque tenho acompanhado os
acontecimentos que vêm se desenvolvendo dentro do movimento das mulheres
negras.
Me parece que, neste momento, o movimento das mulheres negras
brasileiras representa o futuro do planeta. As mulheres negras
brasileiras têm uma história extensa de envolvimento em lutas pela
liberdade. Como tem sido simbolizado, por exemplo, pela Irmandade da Boa
Morte. O conceito de Boa Morte nos convida a imaginar a imagem de um
futuro melhor. Isso me leva a reconhecer as amplas contribuições das
mulheres negras no Brasil e na Bahia no contexto da cultura religiosa.
Durante a minha visita, fui honrada com a possibilidade de atender
uma oficina oferecida na Irmandade e também de passar um tempo na Roda
de Samba da Dona Dalva. Tive a oportunidade de aprender sobre o trabalho
de Dona Dalva na preservação do samba de roda. Recentemente ela recebeu
um título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do
Recôncavo Baiano.
Também tive a oportunidade de me encontrar e conhecer a Ebomi Nice.
Quero também ressaltar que há alguns anos fui honrada com um convite
para conhecer o terreiro de Mãe Stella de Oxóssi e me encontrar com ela,
que me disse sobre seus esforços a fim de preservar a cultura e a
religiosidade dentro das tradições baianas e que as mulheres negras
estão no centro dessas tradições.
Como foi dito por Dulce Pereira, já venho ao Brasil desde 1997. Nunca
vou me esquecer do encontro que ocorreu em outubro daquele ano, em São
Luís do Maranhão. Tive a oportunidade de encontrar Luiza Bairros pela
primeira vez. O espírito de Luiza Bairros continua presente. Também
encontrei pela primeira vez Vilma Reis e tantas outras mulheres negras
maravilhosas, as quais continuo a me encontrar todas as vezes que venho
ao Brasil.
A atual visita, organizada pela professora doutora Ângela Figueiredo,
foi um encontro organizado em um contexto mais amplo, um curso em
Cachoeira sobre o feminismo negro decolonial. Quero agradecer a
Ângela — toda vez que alguém chama por ela, eu também olho — por me
convidar para voltar a Bahia várias vezes. As pessoas me perguntam se eu
já fui ao Rio de Janeiro, a São Paulo. Não, mas eu venho a Bahia de
novo, de novo e de novo.
Menciono essa escola porque ela reuniu estudantes negras do Brasil,
América do Sul, África do Sul, Canadá, Estados Unidos e Porto Rico. Ao
fazê-lo, produziu concepções importantes que poderiam não ter sido
disponibilizadas se esse encontro não tivesse ocorrido. Todas nós, que
tivemos a oportunidade de estar aqui, vindouras de outras partes do
mundo, temos muita sorte de estar aqui neste momento, onde o ativismo de
mulheres negras está em um nível elevado e pungente.
Como já foi dito e reiterado várias vezes, o movimento social
liderado por mulheres negras é o movimento social mais importante do
Brasil. Após o golpe antidemocrático que resultou na deposição de Dilma
Roussef, as mulheres negras criaram a melhor esperança para este país.
Muitas de nós, nos Estados Unidos, estamos entusiasmadas acompanhando
a Marcha das Mulheres Negras no Brasil desde novembro de 2015. Nós
continuamos a sentir as reverberações dessa Marcha. Agora estamos no
Julho das Pretas.
Este é um momento difícil para o nosso planeta por vários motivos,
mas, sobretudo, por termos uma guinada à direita na Europa, nos Estados
Unidos, na América dos Sul e especialmente no Brasil. Não tenho nem como
começar a explicar para vocês qual é o sentimento de morar nos Estados
Unidos onde Donald Trump é presidente. Mas não devemos nos esquecer que,
um dia após a posse de Trump, o movimento de mulheres levou para
Washington três vezes mais pessoas que o número que participou da
cerimônia de posse. Estima-se que mais de cinco milhões de pessoas
participaram da Marcha das Mulheres contra Trump no mundo, inclusive na
Antártida.
A Marcha das Mulheres em Washington foi liderada por mulheres negras,
latinas, asiáticas, indígenas, muçulmanas, e também mulheres brancas.
Nos encontramos em Washington, por todo o mundo e todos os países, para
dizer que nós resistiremos. Todos os dias da presidência de Trump, nós
resistiremos. Nós resistiremos ao racismo, à exploração capitalista, ao
hetero patriarcado. Nós resistiremos ao preconceito contra o Islã, ao
preconceito contra as pessoas com deficiência. Nós defenderemos o meio
ambiente contra os insistentes ataques predatórios do capital. Aqui em
Salvador, no dia 25 de julho, dedicado às mulheres negras na América
Latina e no Caribe, afirmamos ainda de forma mais forte: com a força e o
poder das mulheres negras dessa região, nós resistiremos.
Sabemos que as transformações históricas sempre começam com as
pessoas. Essa é a mensagem do movimento Vidas Negras Importam (Black
Lives Matter). Quando as vidas negras realmente começarem a ter
importância, isso significará que todas as vidas têm importância. E
podemos também dizer especificamente que, quando as vidas das mulheres
negras importam, então o mundo será transformado e teremos a certeza de
que todas as vidas importam.
As lutas das mulheres negras estão conectadas com as lutas de pessoas
oprimidas em todas as partes. Com aquees que dizem “não” às políticas
anti-imigratórias de Trump e à construção de seu muro. Com aqueles que
dizem “não” ao apartheid e ao muro que separa Israel da ocupação
Palestina. Com aqueles que dizem “não” ao racismo e à misoginia na
Colômbia. Com aqueles que dizem não ao sistema de castas na Índia.
Estamos em solidariedade com as mulheres Dalits em suas comunidades. Com
aquelas que dizem “não” à violência cotidiana, doméstica e íntima, que
incide sobre as mulheres negras e que, geralmente, são impostas a elas
por homens negros.
Finalmente as mulheres negras têm sido reconhecidas pelo trabalho em
manter as chamas da liberdade acesas. Não é o tipo de liderança que visa
dar visibilidade ou poder a indivíduos, baseada em carisma, o
individualismo masculino carismático. Mas é o tipo de liderança que
enfatiza as intervenções coletivas e apoia as comunidades que estão em
luta. A liderança feminista negra é fundamentalmente coletiva.
Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, reconhecemos a importância
de confrontar a violência de estado. Enquanto o racismo está saturando
todas as instituições — nas questões da moradia, do emprego, da saúde e
da educação — e pode ser mais dramaticamente reconhecido nos sistemas
policiais e punitivos. As mulheres negras têm liderado ações contra a
violência do estado, a violência policial e o racismo dentro do sistema
carcerário, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Tenho falado sobre a liderança das mulheres negras, mas eu deveria
estar me referindo, na verdade, à liderança feminista negra. É
necessário enfatizar a condição da mulher negra na perspectiva de gênero
e de raça, reconhecendo que também está implicado nisso classe,
sexualidade e gênero, para além da convenção binária. Nosso foco está
nas mulheres negras empobrecidas, inclusive as que estão encarceradas,
as queer, as trans, as com deficiência. Mas também estamos conscientes
que não focamos na mulher negra a partir de um arcabouço separatista,
porque as mulheres negras também estão se engajando nas lutas de outros
grupos. Às vezes ao ponto de elas serem excluídas desses movimentos.
As mulheres negras estão entre os grupos mais ignorados, mais
subjugados e também os mais atacados deste planeta. As mulheres negras
estão entre os grupos mais sem liberdade do mundo. Mas, ao mesmo tempo,
as mulheres negras têm um trajetória histórica que atravessa fronteiras
geográficas e nacionais de sempre manter a esperança da liberdade viva.
As mulheres negras representam o que é não ter liberdade sendo, ao mesmo
tempo, as mais consistentes na tradição, que não foi rompida, da luta
pela liberdade, desde os tempos da colonização e escravidão até o
presente.
Lembremo-nos de Rosa Parks, que sempre enfatizou que queria ser
lembrada como uma mulher poderia ser livre, de tal forma que todas as
pessoas pudessem ser livres. Lembremo-nos de Lilian Ngoyi, líder do
movimento anti-apartheid na África do Sul, que disse, em 1956, entre as
suas irmãs: “Agora que atingiram as mulheres, vocês acionaram um trator e
serão esmagados”.
Carolina Maria de Jesus nos lembrou que a fome deveria nos levar a
refletir sobre as crianças e sobre o futuro muito antes de o conceito de
interseccionalidade ser utilizado. Lélia Gonzales insistiu que não só
deveríamos compreender a complexa inter-relação de raça, classe e
gênero, mas que deveríamos ter em mente as conexões entre os povos
indígenas e os povos negros. Essa são as lições que nós dos Estados
Unidos precisamos aprender com a história do feminismo negro no Brasil.
O que me leva a levantar o próximo ponto. Existe, geralmente, a
pressuposição de que a forma mais avançada de feminismo negro é
encontrada nos Estados Unidos. É verdade que há muitas figuras
norte-americanas reconhecidas pelo desenvolvimento do feminismo negro.
Isso não deveria se dar pelo entendimento de que nos Estados Unidos
estamos mais avançados. Essa é uma visão colonialista e imperialista. Na
verdade, isso ocorre porque as ideias, sejam elas conservadoras ou
radicais, circulam com mais facilidade a partir dos Estados Unidos do
que as ideias que emanam do Brasil. Não posso me levar tão a sério
assim. A meu respeito, gosto sempre de ressaltar que ninguém jamais
conheceria meu nome se pessoas de todo o mundo, inclusive do Brasil, não
tivessem se organizado para exigir minha liberdade, no princípio dos
anos 70.
É verdade que cada uma dessas viagens que fiz ao Brasil têm me
trazido novas perspectivas. Desde a primeira conferência de Lélia
Gonzales, em 1997, no Maranhão, até a escola do feminismo negro
decolonial da qual participei agora. A partir disso, passo a questionar o
meu papel em trazer o conhecimento feminista negro para o Brasil.
Passei a perceber que nós, nos Estados Unidos, somos aquelas que
precisamos aprender com os conhecimentos e as perspectivas que são
produzidas pela longa história de luta feminista negra brasileira.
Precisamos aprender sobre o poder feminista negro preservado dentro
da tradição do Candomblé. Precisamos aprender sobre os movimentos
organizados por mulheres negras trabalhadoras domésticas na Bahia e no
Brasil. Tive o privilégio de conhecer Marinalva Barbosa, que é a
presidente do sindicato de trabalhadoras domésticas da Bahia. Temos
muito a aprender com a atividade dessas mulheres.
Nós ainda não conseguimos nos organizar de uma maneira bem sucedida
através de sindicatos dessa categoria nos Estados Unidos, apesar do fato
de que mulheres negras, trabalhadoras da limpeza, terem organizado uma
greve em 1881, em Atlanta, na Geórgia. Mesmo apesar do fato de que nos
anos 20 e 50 tenham havido esforços, que não tiveram sucesso, de
organizar sindicatos dessa categoria. Não é uma coincidência que Alicia
Garza seja uma das mulheres co-fundadoras do movimento Vidas Negras
Importam. Mesmo assim, ainda não temos um sindicato de trabalhadoras
domésticas.
Deixem-me compartilhar com vocês algumas palavras sobre o complexo
industrial carcerário. O Brasil tem a quarta maior população carcerária
do mundo, estou correta? Sendo a primeira nos Estados Unidos e depois
vêm Rússia e China. Os Estados Unidos está aprisionando um quarto da
população carcerária de todo o mundo. Se olharmos para a população
carcerária feminina, um terço está encarcerada nos Estados Unidos.
Se tivéssemos tempo esta noite, poderíamos falar mais
aprofundadamente sobre como essa população carcerária reflete o
capitalismo global e como esse sistema negligencia as necessidades
humanas. Essas pessoas não tem acesso a moradia, educação, saúde ou
qualquer outro serviço que seja necessário para a sobrevivência. A rede
carcerária mundial constitui um vasto depósito onde pessoas consideradas
desimportantes são descartadas como lixo. Aquelas tidas como as menos
importantes são as pessoas negras, do sul global, muçulmanos e
muçulmanas, indígenas.
Quando nós trabalhamos e lutamos contra a violência do estado
manifestada através de práticas policiais e de encarceramento, afirmamos
que as vidas negras importam, que as vidas indígenas importam. A
professora Denise Carrascosa, aqui da UFBA, tem liderado um projeto de
mulheres dentro do sistema carcerário chamado “Corpos indóceis e mentes
livres”, um projeto entusiasmante que reune mulheres encarceradas de tal
forma que elas possam dramatizar as suas realidades, as suas vidas.
Esses são os tipos de projeto inovadores que produzem conhecimentos
feministas sobre a relação entre a liberdade e a falta de liberdade.
Acabei de ser informada que a professora Carrascosa tem sido impedida de
entrar no complexo penintenciário feminino porque ela se juntou a
outras encarceradas para protestar contra o tratamento punitivo aplicado
a uma mulher que foi trancafiada, sendo-lhe negado o uso de
medicamentos pós-operatórios.
Em função da professora Carrascosa ter levantado a sua voz, seu
projeto, que já dura sete anos, foi barrado. O que vocês farão em
relação a essa situação? Quero sugerir que vocês peçam a cada uma das
pessoas aqui presentes para assinar uma petição exigindo que esse
projeto seja reincorporado. Sabemos que nos últimos dez anos houve um
aumento de 500% na taxa de encarceramento de mulheres e que dois terços
de todas as mulheres que estão encarceradas no Brasil são negras.
Isso me leva aos meus últimos dois pontos. Um deles é a questão da
reprodução da violência. Nós não podemos excluir a violência doméstica e
íntima das nossas teorias sobre a violência do estado e institucional.
Frequentemente, agimos como se uma não tivesse relação com a outra e
que, se as mulheres negras são vítimas dessa violência cotidiana
praticada por seus maridos e namorados, isso significa que os homens e
garotos negros são violentos. Como podemos refletir sobre isso?
Nós precisamos nos perguntar qual é a fonte dessa violência que
prejudica e fere tantas mulheres negras. Qual é a relação dessa
violência com a violência policial e do sistema carcerário? Se essa
violência do indivíduo está conectada com a violência institucional e do
estado, isso significa que não conseguiremos erradicar a violência
doméstica enviando aqueles que a praticam ao sistema carcerário. Se
desejamos erradicar as formas mais endêmicas de violência do indivíduo
da face da Terra, então devemos eliminar também as fontes institucionais
de violência. Este é o chamado para a abolição do encarceramento como a
forma dominante de punição para pensarmos novas formas de abordagem
para aqueles que são violentados. Este é o chamado do feminismo negro
para formas de justiça decoloniais.
Meu último ponto diz respeito aos contantes esforços para conter
nossa resistência. Quando nós resistimos, as instituições dominantes e,
sobretudo, o estado, tentam conter a nossa resistência. Querem
transformar as nossas lutas, em estratégias de consolidação do estado. O
movimento pelos direitos civis é agora é reivindicado pelo estado como
central em suas narrativas sobre a democracia. Mas o movimento Vidas
Negras Importam, principalmente na era Trump, é considerado um insulto.
No Brasil, agora que o mito da democracia racial foi totalmente
exposto, a pergunta que se apresenta é se o movimento de resistência das
mulheres negras pode ser apropriado. Afirmamos que, na medida em que
nos levantamos contra o racismo, nós não reivindicamos ser inclusas numa
sociedade racista. Se dizemos não ao hetero-patriarcado, nós não
desejamos ser incluídas em uma sociedade que é profundamente misógina e
hetero-patriarcal. Se dizemos não à pobreza, nós não queremos ser
inseridas dentro de uma estrutura capitalista que valoriza mais o lucro
que seres humanos.
Se reconhecermos que aqueles que queriam resolver a questão da
escravidão buscavam formas mais humanas de escravização, nós estaremos
utilizando a lógica do racismo. Reconhecemos que a reivindicação da
reforma do sistema policial e da reforma do sistema carcerário apenas
mantêm as estruturas racistas ao mesmo tempo em que finge se importar
com as questões raciais.
É por isso que dizemos não ao feminismo carcerário e sim ao feminismo
abolicionista. É por isso que nós convocamos essa solidariedade para
além das fronteiras nacionais e ressaltamos que o feminismo radical
negro decolonial reconhece as nossas profundas conexões, mesmo a medida
em que reconhecemos também nossas contradições.
A luta pelo acesso à agua no Quilombo Rio dos Macacos vem sendo
rotulada como “terrorista”. Tenho aqui em minhas mãos um apelo que vêm
do Quilombo Rio dos Macacos relacionada aos seus direitos humanos de
acesso à terra e à água que lerei após o evento. Mas o que eu quero
dizer é que as lutas que acontecem dentro dessa comunidade estão
conectadas às reivindicações para a proteção da água por populações
indígenas contra o veneno trazido pelos dutos de petróleo.
Essas lutas estão conectadas também aos esforços que ocorrem em
Flynn, Michigan, em expor o envenenamento das águas nas comunidades
negras. Essas lutas também estão conectadas com as das comunidades
palestinas, engajadas em defender as suas reservas de água, alvo
constante das forças militares de Israel. Somente através da
solidariedade e da luta, nós poderemos preservar o nosso acesso a água.
Quilombolas, presente!
Finalmente, quero salientar a minha alegria em estar aqui com vocês
no Brasil, Bahia, Salvador, celebrando o Dia da Mulher Negra Latina e
Caribenha. Mulheres negras representam o futuro. Porque mulheres negras
representam uma possibilidade real de esperança na liberdade.” – Angela
Davis
Disponível em: http://www.insurgencia.org/4773-2/
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