Um mês depois de ter sido agredido junto com seu companheiro, Flávio
Miceli de 60 anos, por vizinhos homofóbicos ao sair de casa em uma vila
no Andaraí, na Zona Norte do Rio, Eduardo Michels, que tem 62 anos,
ainda não conseguiu sequer pegar suas roupas.
“Estou só com a roupa do corpo, ainda não pude entrar em casa para
pegar meus pertences. Minha situação é muito grave. O banco de dados que
criei e administro e é o único no Brasil a registrar assassinatos de
pessoas LGBT+ no país, que inclusive serve de fonte para organismos,
governos daqui e também do exterior, corre riscos de se perder”, contou
Eduardo ao Dentro do Meio.
Ele e Flávio foram violentamente agredidos por cerca de 20 homens
que, enquanto espancavam o casal, diziam coisas como “aqui não é lugar
de gay”. Depois da agressão, ao tentar voltar para casa, Eduardo
descobriu que a fechadura do portão da vila haviam sido trocada.
Ao jornal O Globo, Jorge Acyr da Matta, subsíndico e um dos
agressores tentou justificar o injustificável. Segundo ele, Eduardo o
teria chamado de macaco e favelado em outras ocasiões e no dia 21 de
abril, Flávio teria tentado agredi-lo, dando início a confusão.
“Eu não sou racista e minha formação e militância provam isso.
Trabalho há nove anos na mais antiga ONG em Direitos Humanos para a
população LGBT e negra da Bahia, o Grupo Gay da Bahia Quibanda Dudu”,
afirma Eduardo que agora está sendo assistido por duas advogadas que
tratarão o caso civil e criminalmente.
Dra. Maria Eduarda Aguiar da Silva, do Grupo Pela Vida, que trata de
violação de direitos dos LGBT+ e presta serviço gratuito, é uma das
advogadas que representará Eduardo. Por telefone, ela nos contou que
agora começará a fase de coleta de provas para que tudo comece a ser
resolvido. A intenção é mover uma ação por lesão e outra por danos
morais, já que Eduardo ficou sem poder sair de casa por temer agressões e
mais tarde não conseguiram voltar já que as fechaduras foram trocadas.
A advogada também disse entre essa semana e próxima Eduardo irá a
delegacia para que, oficialmente, possa registrar o depoimento sobre o
ocorrido no último dia 21 de abril. Atualmente ele está na casa da irmã
de Flávio. A equipe do Dentro do Meio irá acompanhar e noticiar todas as
novidades sobre o caso.
Sobre o Autor
- Renan um é jornalista de humor ácido (é bem ruim pela manhã) que acredita que informação é uma das armas mais poderosas contra a LGBTfobia.
- Disponível em: http://dentrodomeio.com.br/2017/05/19/exclusivo-um-mes-depois-casal-agredido-continua-sem-conseguir-entrar-em-vila-homofobica-no-rio-de-janeiro/
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