Fabiano Santos Gonzaga foi condenado a 15 anos de prisão em regime
fechado por ataque sexual a menino de 14 anos em sauna de Caldas Novas
em junho de 2016.
Preso em flagrante em junho do ano passado após abusar sexualmente de um garoto de 14 anos dentro de uma sauna no município de Caldas novas (GO), o padre Fabiano Santos Gonzaga,
de 29 anos, pegou pena máxima: foi condenado nesta segunda-feira a 15
anos de reclusão em regime fechado. O sacerdote foi enquadrado no artigo
217 do Código Penal (ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 anos). Houve ainda um agravante: a vítima
possui uma deficiência mental, o que faz não ter discernimento para a
prática do ato sexual e sequer poderia oferecer resistência.
“Não dá para afirmar que estou feliz, pois meu filho começou a ter
problemas na escola após esse abuso. Passei a enfrentar problemas
emocionais também que me impediram de andar por quase um ano. Posso
afirmar que estou aliviada”, comentou a mãe do garoto, que pediu para
não ser identificada.
Segundo a acusação, vestindo uma sunga preta, Fabiano entrou na sauna
e se sentou em um banco de frente para o menino, ao lado de uma cascata
de água quente. Havia um homem na sauna que logo saiu. Assim que se viu
a sós com o menino, Fabiano deixou seu lugar e sentou-se ao lado dele.
Tentou puxar conversa e, em seguida, beijou-o na boca e segurou seu
pênis. Atordoado, o menino levantou-se para fugir, mas Fabiano não
deixou. Correu para bloquear a porta, baixou a sunga e disse ao menino
que ele só sairia dali se praticasse sexo oral. Amedrontado, o menino,
que tem 14 anos e idade mental entre 7 e 9 anos, obedeceu.
Apesar da série de provas juntadas pela acusação, não foi tarefa
fácil para o Ministério Público condenar o padre. A defesa de Fabiano
tentou induzir a juíza Valeska da Silva Baruki ao erro várias vezes.
Numa delas, chegou a apresentar provas falsas. No relato do garoto, o
padre o atacou dentro da sauna e em seu depoimento ele descreveu com
detalhes como era o ambiente. Entre o dia do crime e o julgamento, a
sauna passou por uma reforma justamente para dar mais segurança aos
usuários. A advogada Lorena Paixão, que defende o padre, mandou fazer
umas fotos da sauna já reformada para fazer crer que a descrição do
ambiente não batia com o dito pelo garoto. A juíza levou essa tese em
consideração por semanas, até que a delegada que conduziu o inquérito,
Sabrina Leles Miranda, conseguiu imagens da sauna feitas antes da
reforma, que batiam com a descrição feita pela vítima. Já na fase final
do processo, a advogada Lorena ainda foi denunciada na OAB-GO porque ela
pegou o processo no fórum, levou para casa e passou do prazo para
devolvê-lo.
O caso ocorreu no mesmo dia em que o papa Francisco deu um passo
importante para combater a prática de abuso sexual de menores por parte
de representantes da Igreja Católica. Por meio de uma Carta Apostólica,
ele determinou que sejam destituídos bispos que acobertarem casos de
pedofilia cometidos por padres – até então, a punição se restringia ao
religioso que praticou o crime. O tema ganhou a capa de VEJA (veja
abaixo).
Em sua defesa, o padre jurou inocência até o fim. Alegou que o
transtorno mental da vítima fez com que ele tivesse inventado a história
do abuso. No entanto, a juíza levou em conta uma contradição no
depoimento de Fabiano, que primeiro disse que avistou o garoto na sauna,
mas que não havia trocado uma palavra com ele. Em outro momento, o
padre afirmou que cumprimentou o garoto e perguntou com quem ele estava
no clube. A advogada chegou a dizer que o padre estava sendo
“massacrado” por ter pele negra. “Se condenarem ele, estarão cometendo a
maior injustiça do mundo”, comentou Lorena antes de ser pronunciada a
sentença.
Outra batalha
Agora, o advogado da família da vítima, Ueren Domingues de Sousa, que
atuou como assistente da acusação, vai começar uma outra batalha:
tentar fazer com que Fabiano perca a batina e todas as regalias que a
cerca, como um salário mensal de 1 200 reais. Apesar de a Igreja
Católica já ter decretado que o padre não exerça suas funções
sacerdotais, Fabiano ainda faz parte do quadro eclesiástico da Paróquia
de Frutal (MG).
Dentro da cadeia de Caldas Novas, ele chegou a celebrar várias missas
informais para outros presos. “Fabiano continua padre porque o processo
civil não é um processo eclesiástico e ocorre em outro tempo”,
esclarece outro padre, Otair Cardoso, que foi designado pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para acompanhar todo o julgamento
de Fabiano. Como ainda cabe recurso contra a sentença, Otair explicou
que o procedimento de afastar Fabiano pelas leis divinas só começa
quando ele não tiver mais qualquer chance na lei dos homens.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/brasil/padre-que-abusou-de-garoto-com-deficiencia-pega-pena-maxima-em-go/amp/
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