A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo
João 10,1-10 que corresponde ao Quarto Domingo de Páscoa, ciclo A do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Nas comunidades cristãs, necessitamos viver uma experiência nova de Jesus,
reavivando a nossa relação com Ele. Colocá-Lo decididamente no centro
da nossa vida. Passar de um Jesus confessado de forma rotineira para um
Jesus recebido vitalmente. O evangelho de João faz algumas sugestões
importantes ao falar da relação das ovelhas com o seu pastor.
A primeira é “escutar sua voz” com toda sua frescura e originalidade.
Não confundi-la com o respeito às tradições nem com a novidade das
modas. Não nos deixarmos distrair nem aturdir por outras vozes estranhas
que, mesmo que se escute no interior da Igreja, não comunicam a sua Boa
Nova.
É importante, também, sentir-nos chamados por Jesus “pelo nosso nome”.
Deixar-nos atrair por Ele. Descobrir pouco a pouco, e cada vez com mais
alegria, que ninguém responde como Ele às nossas perguntas mais
decisivas, aos nossos desejos mais profundos e às nossas necessidades
últimas.
É decisivo “seguir” Jesus. A fé cristã não consiste
em acreditar em coisas sobre Jesus, mas em acreditar Nele: em viver
confiando na Sua pessoa; em inspirar-nos no seu estilo de vida para
orientar a nossa própria existência com lucidez e responsabilidade.
É vital caminhar tendo Jesus “diante de nós”. Não fazer o percurso da nossa vida em solidão.
Experimentar em algum momento, ainda que desajeitadamente, que é
possível viver a vida desde a sua raiz: desde esse Deus que se nos
oferece em Jesus, mais humano, mais amigo, mas próximo e salvador que
todas as nossas teorias.
Esta relação viva com Jesus não nasce em nós de forma automática.
Vai-se despertando no nosso interior de forma frágil e humilde. De
início é quase só um desejo. Em geral cresce rodeada de dúvidas,
interrogações e resistências. Mas, não sei como, chega um momento em que o contato com Jesus começa a marcar decisivamente a nossa vida.
Estou convencido de que o futuro da fé entre nós está a decidir-se, em boa parte, na consciência de quem neste momento se sente cristão.
Agora mesmo a fé está a reavivar-se ou está a extinguir-se nas nossas
paróquias e comunidades, no coração dos sacerdotes e dos fiéis que as
formamos.
A descrença começa a penetrar em nós desde o mesmo momento em
que a nossa relação com Jesus perde força ou fica adormecida pela
rotina, a indiferença e a despreocupação. Por isso, o papa
Francisco reconheceu que “necessitamos criar espaços motivadores e de
cura [...] lugares onde regenerar a fé em Jesus”. Temos de escutar sua
chamada.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/42-comentario-do-evangelho/567260-nova-relacao-com-jesus
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