“Traz uma mensagem subliminar que responsabiliza as pessoas com HIV pela disseminação do vírus que provoca a aids”, diz nota das associações.
"Milhões de pessoas brincam o Carnaval. No Brasil, 260 mil sabem que
têm HIV e não se tratam. E estima-se que 112 mil têm o vírus e nem
sabem. E você?", diz vídeo de campanha do Ministério da Saúde.
Em seguida, o locutor fala "no Carnaval, use camisinha e viva essa
grande festa. Previna-se da Aids e, se preciso, faça o teste de HIV".
Ministério da Saúde ✔ @minsaude
#UseCamisinha e, se preciso, faça o teste de HIV. Mais informações, acesse: http://aids.gov.br
A peça foi repudiada por sete entidades que trabalham no controle
social das políticas públicas sobre aids. Elas pedem que o vídeo seja
retirado do ar. Na avaliação das organizações, o vídeo estigmatiza as
pessoas ao usar o tom de suspeita.
"Ao associar o não tratamento de "260 mil pessoas com HIV" àquelas
pessoas que não fazem uso do preservativo em suas relações sexuais, o
Ministério da Saúde ressalta ainda mais o estigma, o preconceito e a
discriminação a que são submetidas cotidianamente as pessoas com HIV em
todo o País", argumentam o Fórum ONG-AIDS RS, O FOAESP e a RNP+SP
O Ministério da Saúde estima em 827 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil. Das 715 mil pessoas diagnosticadas com HIV, apenas 455 mil fazem uso do tratamento antirretroviral.
A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+), o Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP) e a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJVHA) também criticaram a campanha, além da Articulação Nacional de Luta Contra a Aids (Anaids).
"Tal campanha não dialoga com os direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids. Precisamos refletir se no Brasil as ações e serviços de saúde pública alcançam a todos e a todas, respeitando suas singularidades e suas diferentes demandas e garantindo o acesso de cidadãs e cidadãos de forma equânime", diz a Anaids.
Para a entidade, o governo prioriza a testagem e o tratamento como formas principais de prevenção, o que é uma atuação de "forma mínima e simplista, ignorando as novas tecnologias e estrátegias de gerenciamento de risco".
No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 15,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 21,8 casos em 2015. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, o índice mais que dobrou, passando de 2,8 em 2006 para 5,8 em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde.
A taxa de detecção geral está em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, no período de 2010 a 2015.
Apenas 29,2% dos 44 mil jovens identificados no Sistema Único de Saúde (SUS) com a doença estão em tratamento.Na faixa de 25 a 34 anos, esse percentual é de 77,5%, mantendo-se superior a 80% em todas as outras faixas etárias até chegar a 84,3% entre os indivíduos acima de 50 anos.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a campanha tem como objetivo incentivar que 260 mil pessoas busquem o tratamento contra HIV e que a informação sobre o panorama nacional é "fundamental" para que o público geral "possa conhecer os riscos de fazer sexo desprotegido".
"Este ano, estamos apelando especialmente aos jovens que usem camisinha, façam a testagem e, se infectados, busquem tratamento, que é gratuito e o melhor do mundo. E que no carnaval só tenhamos boas lembranças", afirmou o ministro da saúde, Ricardo Barros, no lançamento da campanha de carnaval deste ano em Salvador.
Disponível em: http://www.huffpostbrasil.com/2017/02/24/campanha-do-ministerio-da-saude-no-carnaval-rotula-soropositivos_a_21720999/
De caráter aparentemente informativo, a frase é perigosíssima. Primeiro, porque traz uma mensagem subliminar que responsabiliza as pessoas com HIV pela disseminação do vírus que provoca a aids.Nota do Fórum ONG-AIDS RS, FOAESP e a RNP+SPPara as entidades, o vídeo omite que há problemas na gestão da saúde em estados e municípios. "Em diversas cidades brasileiras há um enorme hiato, que pode chegar a até seis (6) meses, entre o diagnóstico de HIV e a primeira consulta com um médico especializado", diz nota assinada pelo Fórum ONG-AIDS RS, o Fórum das ONG/AIDS do Estado de São Paulo (FOAESP) e a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do Estado de São Paulo (RNP+SP).
O Ministério da Saúde estima em 827 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil. Das 715 mil pessoas diagnosticadas com HIV, apenas 455 mil fazem uso do tratamento antirretroviral.
A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+), o Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP) e a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJVHA) também criticaram a campanha, além da Articulação Nacional de Luta Contra a Aids (Anaids).
"Tal campanha não dialoga com os direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids. Precisamos refletir se no Brasil as ações e serviços de saúde pública alcançam a todos e a todas, respeitando suas singularidades e suas diferentes demandas e garantindo o acesso de cidadãs e cidadãos de forma equânime", diz a Anaids.
Para a entidade, o governo prioriza a testagem e o tratamento como formas principais de prevenção, o que é uma atuação de "forma mínima e simplista, ignorando as novas tecnologias e estrátegias de gerenciamento de risco".
No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 15,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 21,8 casos em 2015. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, o índice mais que dobrou, passando de 2,8 em 2006 para 5,8 em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde.
A taxa de detecção geral está em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, no período de 2010 a 2015.
Apenas 29,2% dos 44 mil jovens identificados no Sistema Único de Saúde (SUS) com a doença estão em tratamento.Na faixa de 25 a 34 anos, esse percentual é de 77,5%, mantendo-se superior a 80% em todas as outras faixas etárias até chegar a 84,3% entre os indivíduos acima de 50 anos.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a campanha tem como objetivo incentivar que 260 mil pessoas busquem o tratamento contra HIV e que a informação sobre o panorama nacional é "fundamental" para que o público geral "possa conhecer os riscos de fazer sexo desprotegido".
"Este ano, estamos apelando especialmente aos jovens que usem camisinha, façam a testagem e, se infectados, busquem tratamento, que é gratuito e o melhor do mundo. E que no carnaval só tenhamos boas lembranças", afirmou o ministro da saúde, Ricardo Barros, no lançamento da campanha de carnaval deste ano em Salvador.
Disponível em: http://www.huffpostbrasil.com/2017/02/24/campanha-do-ministerio-da-saude-no-carnaval-rotula-soropositivos_a_21720999/
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