segunda-feira, 20 de julho de 2015

VENDEDOR É AGREDIDO COM SOCOS E CHUTES POR SER HOMOSSEXUAL NA BAHIA

Em 2015, 19 pessoas já foram mortas no estado, 

vítimas de homofobia.


Vendedor é espancado por ser homossexualReprodução/Record Bahia - Do R7 com Record Bahia

No rosto, as marcas da violência. Espancado por cinco homens, o vendedor Mário Filho, 18 anos, foi atacado em Salvador por ser homossexual. Na Bahia, já foram registradas 19 mortes na comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), motivadas por homofobia.

O caso foi registrado na 16ª DT (Delegacia Territorial), que ainda não tem pistas sobre os agressores. O caso foi informado ao Comitê LGBT, da Secretaria Municipal de Reparação (Semur).

De acordo com o delegado que acompanha o caso, Nilton Tormes, ainda não existem pistas sobre os agressores. Logo após a agressão, os suspeitos fugiram do local em um veículo Gol, na cor cinza. 
— Além da descrição física dos agressores, nós vamos tentar outros métodos que viabilizem a identificação. Vamos buscar informações na região, câmeras que tenham registrado o fato ou mesmo a saída destes indivíduos, uma vez que as características do veiculo usado pelos agressores foi divulgada.
Racismo e homofobia
O caso aconteceu na noite do último sábado (11). Mário se divertia com algumas amigas num bar do bairro da Pituba, região nobre de Salvador. Minutos após saírem do estabelecimento, eles foram até um posto de combustíveis, localizado nas proximidades, onde aguardariam um taxi para voltar para casa. Foi quando chegou ao local um grupo com cinco homens e um deles começou a conversar com uma das amigas de Mário.
O vendedor relatou que, ao chegar o taxi, o grupo percebeu que ele era homossexual. 
— A partir daí, começaram os xingamentos. Um deles falou: ‘vou te quebrar todo no pau, seu neguinho’. Em seguida vieram as agressões. Fui espancado de maneira covarde, até cair no chão.
Uma das amigas que acompanhava Mário foi para cima de um dos agressores, pedindo que ele não batesse no amigo. O pedido foi em vão.
— Um deles veio para cima de mim, me agrediu e entramos em luta corporal. Quando eu tentei levantar do chão, outro veio e começou a me atingir com chutes. Ele só parou quando minha amiga puxou a camisa dele e pediu que ele parasse de me bater. 
Logo após o crime, a vítima e as amigas prestaram queixa contra os agressores na 16ª DT (Delegacia Territorial), localizada no mesmo bairro. 
O delegado responsável pelo caso, Nilton Tormes, disse que vai intimar a vítima para depor mais uma vez. Segundo ele, é preciso dar continuidade às investigações. 
— Nós vamos intimá-lo para que ele seja ouvido novamente, assim como as testemunhas e, eventualmente, outras pessoas ou profissionais que estavam trabalhando nas proximidades e presenciaram as agressões.
Homofobia cultural
Para o antropólogo e fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), Luiz Mott, a homofobia cultural permeia as agressões sofridas pelos LGBT em todo o Brasil. 
— Toda vez que um LGBT é vítima de violência, sua condição sexual é um agravante. A homofobia cultural, repetida de norte a sul do País, diz: ‘viado tem é que morrer!’, e permeia as agressões contra este segmento. Além disso, nos últimos tempos, alguns delegados têm a mania de dizer que alguns crimes, seja ele assassinato ou agressão, não são motivados por homofobia.
Ativista LGBT na Bahia, Vida Bruno diz que, na região da Pituba, são registrados vários casos de homofobia. Ela ressalta ainda que discursos homofóbicos potencializam as práticas de violência como a sofrida por Mário. 
— Esses discursos são recheados de ódio. Precisamos descolonizar o pensamento para reduzir os índices de violência contra pessoas LGBT. Só queremos um mundo mais igualitário, mais justo para todos.
Enquanto isso, Mário espera que a justiça seja feita. 
— As marcas no meu rosto, com o tempo, serão cicatrizadas. Já na minha alma, essas marcas ficarão eternamente. Isso me prejudicou muito, seja no lado profissional, pois só tenho 30 dias na empresa em que trabalho; seja na rua, as pessoas ficam me olhando, fazendo piada e falando coisas sobre mim que não aconteceram. Só quem sabe a dor sou eu, que estou sentindo. Quero justiça!



Disponível em:  http://noticias.r7.com/bahia/vendedor-e-agredido-com-socos-e-chutes-por-ser-homossexual-na-bahia-18072015

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