sexta-feira, 24 de julho de 2015

EM CARTA ABERTA, DIRIGENTE DO PPS REBATE O PASTOR SILAS MALAFAIA


Eliseu Neto, dirigente do PPS (Partido Popular Socialista) e coordenador nacional de combate ao preconceito contra a comunidade LGBT, utilizou a página do partido no Facebook para rebater aos ataques do pastor Silas Malafaia.
O pastor moveu uma ação na justiça, pedindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) desconsidere o pedido da sigla em igualar os crimes motivados porhomofobia e transfobia ao racismo.
O dirigente afirma não compreender como um “homem de Deus” pode fechar os olhos para os mais de 300 casos de crimes de ódio (registrados) cometidos por ano contra pessoas LGBT no Brasil, o país campeão mundial nesse tipo de morte.

Confira na íntegra à carta aberta direcionada pelo PPS a Malafaia:

Caro Pastor Silas Malafaia:

Meu nome é Eliseu Neto, sou dirigente do PPS e coordenador nacional de combate à homotransfobia.
Assisti a seu vídeo criticando o meu partido por fazer exatamente o que ele tem por obrigação: representar a população.
Embora o senhor saiba e pareça ignorar, um partido só pode ser fundado com um certo número de assinantes. Assim sendo, representa essas pessoas, independentemente se elege ou não candidatos no pleito.
Temos muito orgulho de termos sido um partido comunista e mais ainda de termos deixado o comunismo quando este optou pelo totalitarismo ao invés da democracia. Por isso o nome “socialista”.
Sou psicólogo, psicanalista, professor de pós-graduação e fico muito impressionado com o fato de que alguém que cursou a faculdade de psicologia como o senhor pareça conhecer tão pouco sobre a mesma.
Não estamos falando de genética: a sexualidade se constrói nos primeiros anos de vida e nos deparamos com nossa orientação na adolescência quando a pulsão retorna de forma sexual. Segundo Freud (que redigiu nada menos que três ensaios sobre a sexualidade humana), ninguém nasce nem homo nem hétero; a pessoa transita pelos dois até que uma orientação se fixa. Freud é claro ao não fazer juízo de valor, inclusive ao dizer que pessoas ilustres foram homossexuais.
Nossa batalha é incluir a questão de gênero e da orientação sexual na lei que já protege negros, religiões e procedência nacional. Se com sua torpe visão da psicologia o senhor acha que a homossexualidade (usar o sufixo “ismo” pega muito mal, colega… e não é de hoje) é comportamento, religião também o é e esta protegida por essa lei.

Quando falamos dos cerca de 300 crimes de ódio contra homossexuais por ano no Brasil, não estão contabilizados nesses números crimes passionais, brigas, assaltos, nada disso. Crime de ódio é aquele no qual um sujeito resolve matar um outro motivado unicamente pela sexualidade desse outro. Somos campeões mundiais nesse tipo de morte.
Não entendo como um religioso pode ser contra o combate disso.

Como queremos que fique o artigo 20 da Lei de crime racial: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. […] §5º. O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.
Ps : para alguém se dizer psicólogo é preciso registro no CRP. Então pare de mentiras e admita que você é no máximo alguém que lê a psicologia e muito mal.

Disponível em:  https://vamoscontextualizar.wordpress.com/2015/07/23/em-carta-aberta-dirigente-do-pps-rebate-o-pastor-silas-malafaia/

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